Escolhidas a dedo para você ouvir!

quinta-feira, 25 de março de 2010

FAÇO QUESTÃO DE DIVULGAR

Tomei conhecimento da carta que postarei a seguir e considero de suma importância que todos aqueles envolvidos com educação, façam-na circular, uma vez que o jornal O GLOBO, para onde foi endereçada, não publicou (Ahhhhhh, por que será que a carta não foi publicada?)
A educadora Marynês Meirelles, professora da rede municipal do Rio de Janeiro, fez o que muitos de nós devemos fazer diante das numerosas hipocrisias que cercam o sistema educacional: reclamou e mostrou as verdades que "teimam" em ficar escondidas. Em resposta a matéria DE VOLTA PARA O FUTURO,de autoria da Secretária Municipal de Educação do Rio, Cláudia Costin, publicada no dia 06 de março de 2010, Marynês traz à tona várias questões que são de todos nós:



Sra. Claudia Costin,



Acredito que a população está sendo informada de uma realidade diferente da que convivo diariamente.

Sou professora da rede municipal desde 1984 e trabalho em uma escola na Barra da Tijuca. Posso me orgulhar de ter uma vida profissional comprometida sempre com os meus alunos, buscando sempre me aprimorar e dar a elas a oportunidade que merecem ter. Mas, a cada ano que passa sinto mais tristeza ao me deparar com esta “politicagem” onde os prejudicados são os alunos ,seus familiares e nós professores. A prefeitura quer números, quantidade e não está preocupada com a qualidade como menciona a nossa Secretária.

Gostaria de saber onde me enquadro nestes 30 mil professores que receberam uma semana de qualificação? Isto não é verdade!

Como se pode ainda falar em qualidade quando tenho em uma sala de aula 32 alunos, de diferentes faixas etárias. Alunos estes que acabaram de completar 8 anos, de 9, 10 e 11 anos no ano final do ciclo, antiga 2ª série? Podem ter estas crianças os mesmos interesses? Os de 11 anos estão repetindo a série sem receber ajuda como o reforço escolar, por exemplo.

Além disso, nesta sala tenho crianças que sabem ler e outras que estão totalmente analfabetas! Esta é a realidade! E, o que fazer? O ano final do ciclo não recebe nenhum apoio da prefeitura pois, oficialmente, estas crianças têm 3 anos para serem alfabetizadas e não podem ser reprovadas. Elas passam pelo ano inicial e intermediário sendo empurradas para o ano final, tendo aprendido ou não. Não consigo perceber , segundo a Sra. Claudia Costin, “aquilo que vai garantir os resultados já começou a ser implementado”.

“O vigoroso programa para dar um salto de qualidade” também, na prática, não aconteceu.

A prova do 4º bimestre apresentava questões exatamente iguais às das provas do 2º e 3º bimestre. Qual o objetivo? Parecer que todos aprenderam? Eles já tinham feito a revisão da prova comigo e portanto, já sabiam as respostas corretas. Como eu, outras professoras devem ter feito o mesmo!

A Prova Rio, uma avaliação externa, tinha questões totalmente fora da realidade dos nossos alunos! O objetivo era medir o que os nossos alunos não sabem... Não tinha absolutamente nada a ver com as provas bimestrais enviadas pela prefeitura.

E, ainda, onde estão estas cartilhas anunciadas por ela no artigo?

A Secretaria tem que investir sim, no 1º segmento, pois é desde a Educação Infantil que detectamos os alunos que necessitam de uma ajuda mais intensa. É sinalizado em relatórios e reuniões e Nada Acontece! E o problema se agrava ano a ano!

Para completar, neste ano tenho em sala de aula uma aluna com problemas mentais que grita e se joga no chão todas as vezes que surta. Ninguém me ensinou como lidar com crianças assim! Os outros alunos estão assustados e o trabalho, que já era difícil, torna-se praticamente impossível! A Prefeitura oferece um curso para professores de turma regular no horário de trabalho, sem dispensa de ponto. Isto é, se eu for, levarei falta. É esta a preocupação com a qualidade???

Acredito que, ou as informações não chegam para a secretária como realmente são ou há a vontade de passar para a população uma realidade que não reflete o que realmente acontece.

Vamos nos voltar para o PRESENTE!!!

Marynês Meirelles


Apesar de não ser professora da rede do Rio ainda, trabalho numa rede municipal com os mesmos problemas. Quero parabenizar a educadora Marinês Meirelles pelo excelente artigo, apenas acrescentando uma questão: Se nossos governantes acreditam tanto no que dizem a respeito dessa educação de qualidade, por que não têm seus filhos e parentes matriculados em redes municipais?

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