Escolhidas a dedo para você ouvir!

sábado, 12 de junho de 2010

Como é bom descobrir que pouco sei. Eu, criança e eterna aprendiz.


Na semana passada vivenciei uma experiência que quero partilhar com vocês. Novata na rede municipal do Rio de Janeiro, estou tendo a oportunidade de conviver com pessoas que já estão na rede há muito tempo, que nunca pisaram os pés numa sala de aula, que seguem tentando acertar, que seguem achando que já sabem o suficiente e fecham a entrada para o novo...
Uma colega que faz parte do grupo que nunca pisou numa sala de aula antes, assumindo regência de turma há dois meses e pouquinho, entra na sala de professores entristecida. Ao comentar sobre o que provocara tal carinha, emociona-se e deixa vir aos olhos o mar que desejava derramar desde que havia assumido na rede. As palavras que poderiam resumir aquela dor chamam-se angústia e ansiedade. A fala da colega tinha a ver com o tempo. Achava que suas "falhas" tinham a ver com o pouco tempo que tinha no magistério, e parecia se culpar por isso. Parei para ouví-la, tentando reconfortar com um comentário que muito uso:
Professor que não se angustia, é professor que não trabalha.

O tempo de magistério nos permite sim uma bagagem que irá ajudar em muitas situações, mas também (e digo INFELIZMENTE) pode cristalizar conceitos, impedir novas buscas e paralisar nossa prática. Aquele que se detém somente na fala do ISSO EU JÁ SEI /É ASSIM QUE DEVE SER, é aquele que não está aberto às novas descobertas. É aquele que passa pela vida se sentindo detentor do saber, e que não se vê como um mediador que irá PROVOCAR situações para promover aprendizagens. É preciso ouvir nossas crianças, suas curiosidades, seus conhecimentos, seus anseios. Esse sistema vertical que insiste em nos rodear, só será mudado no dia em que a educação estiver nas mãos daquele que se angustia; no dia em que nossos políticos e nossas secretarias de educação anteciparem a palavra COMPROMISSO EDUCACIONAL à palavra politicalha.

Para a colega, o reconforto que pude dar e no qual acredito, foi dizer que GRAÇAS A DEUS AINDA HOJE, com quase vinte anos de magistério, ainda me percebia muito engatinhando. E que quando pulsava em mim aquela angústia e aquela ansiedade que naquele momento ela sentia, eu agradecia. Agradecia porque percebia que eu não estava paralisada, mas sim buscando mudanças para transformar a minha prática.

3 comentários:

  1. SEI BEM DESSA E DE OUTRAS HISTÓRIAS (RS).

    TAMBÉM, SOU PROFESSOR UNIVERSITÁRIO, (SOFREDOR), E ESTA É A NOSSA VIDA DO DIA-A-DIA,E ATUALMENTE DOU AULA, PORQUE REALMENTE GOSTO.

    NÃO CONHECIA O SEU BLOG.

    ACHEI REALMENTE, MUITO INTERESSANTE E TENHA A CERTEZA DE QUE VOLTAREI SEMPRE AQUI.

    TAMBÉM, APROVEITO PARA CONVIDAR VOCÊ A CONHECER O MEU BLOG:

    “HUMOR EM TEXTO”.

    A CRÔNICA DESTA SEMANA NOS ALERTA SOBRE OS RELACIONAMENTOS HUMANOS DISSIMULADOS E ENGANOSOS.

    SE PUDER, CONFIRA E SE QUISER COMENTE, POIS LÁ O MAIS IMPORTANTE É O SEU COMENTÁRIO.

    UM ABRAÇÃO CARIOCA!

    ResponderExcluir
  2. ENTRE FALAS E OLHARES....

    Borboletinha, voando pelos sinuosos contornos da empoeirada estrada, de volta para casa, entre papos mil me chama atenção para uma miragem, deslocada do oásis, daquele deserto inexistente entre o tumultuo das cabeças, que cruzavam em movimentos diversos buscando diferentes pontos.
    Por alguns segundos tentei dividir a minha atenção entre o vôo e a procura perdida linha imaginária da física, resultado da fórmula, que ela encontrara em segundos, entre olhares divididos e assuntos diversos que havíamos traçado em nosso rumo, que acontece quase que diariamente, em muitos dias em comuns.
    O meu olhar buscava alucinadamente entre os poucos segundos desviados para tal cena e o conduzir da revoada e ela num vôo rasante, apontou-me antes que pudesse perder de vez, tal maravilha.
    O mais belo diamante negro modelado e desenhado para qualquer olhar, que ali pudesse estar.

    ResponderExcluir
  3. Que lindo gesto de acolhida e de solidariedade diante da ansiedade e da angústia!
    Quisera eu ter encontrado pessoas e professoras assim quando timidamente e, também, ansiosa e angustiada, tive experiências não muito boas em pré-escolas, encerrando meus sonhos de juventude em ser professorinha. Creio que sempre podemos ser melhores profissionais quando mais sentimos e menos apontamos as falhas alheias, quando mais ouvimos... Lindo post e lindos gestos! Bjins e até a próxima!

    ResponderExcluir