Criança e consumo

Assistindo ao documentário CRIANÇA, A ALMA DO NEGÓCIO,fiz algumas reflexões que gostaria de partilhar com vocês. Como trabalho diretamente com a primeira infância, considero importantíssimo que os professores estejam atentos ao que acontece, afim de ajudarem essas crianças e aos pais das mesmas, que por sentirem-se culpados com a ausência diária na vida, educação e desenvolvimento de seus filhos, acabam por 'compensarem' essa ausência presenteando-os com aquilo que acham que trará felicidade a eles. A mídia, na malandragem de perceber a fragilidade da relação atual entre pais X filhos, divulga e estimula o consumo exagerado e a 'felicidade' que esse TER gerará para ambos. Vira um círculo vicioso, onde a criança passa a ser o REIZINHO MANDÃO da relação. E nessa falta de responsabilidade e ética da publicidade brasileira, a criança acaba sendo estimulada, incansavelmente, para o COMPRAR, o TER, às CONDUTAS COMPETITIVAS, à MÁ ALIMENTAÇÃO, à EROTIZAÇÃO PRECOCE... Essa cultura midiática e imagética a que a criança está exposta acaba não permitindo outros contatos com aquilo que é mais saudável, como por exemplo, boa alimentação, brincadeiras em grupo, passeios ao ar livre. Costumo levar para a sala de aula frutas para que meus alunos possam experimentar, e de fato percebo que eles não conhecem a maioria, mas claro que estão antenados com os lançamentos dos doces, dos biscoitinhos, das promoções dos sanduíches que vem com os bonequinhos.Tudo fruto das propagandas que são maciçamente direcionadas para a primeira infância. Lembrando que em vários países a publicidade voltada para a criança passa por um filtro ético, e muitas vezes é até mesmo proibida, é fácil percebemos como a situação em nosso país corre livre, leve e solta. Será mesmo que para vender é preciso desrespeitar a criança da maneira persuasiva como vem acontecendo na publicidade brasileira? Penso que é preciso de fato lutar por uma publicidade mais responsável, mais ética! Educação em valores humanos já!